sábado, 8 de julho de 2017 0 comentários

Janela

Da janela do meu antigo apartamento eu conseguia enxergar tudo no meio do nada. O tudo era você, escondidinho ali, como quem se refugia do mundo para não sofrer suas conseqüências, com o coração apagado e olhos acessos, pés descalços, corpo nu, mente cheia de vazio que o nada transbordava em você. Todas as noites eu ficava ali, esperando você mudar de lugar, acender o coração, calçar a vontade e vestir a sensatez que tua mente, cheia de vazio, escondia de você mesmo. E o nada? Ah... O nada era todo o resto.
sexta-feira, 7 de julho de 2017 0 comentários

Minhas vontades são explosivas

Quero beijar-te até teus lábios sangrarem, quero teu corpo ardendo e pingando suor sobre os lençóis brancos na cama em chamas, quero te abraçar até minha alma se transferir para teu corpo e sentir em você seus prazeres e seus gostos, quero vê meus dedos sangrarem de tanto arranhar o chão de madeira quando tu subir em meu corpo nu ao chão implorando por prazer...
Meus olhos já não possuem cores, não respiro, meu coração já não bate, meu corpo ainda quente exala vapor, vapor este que simboliza minha alma transcendendo em outro plano para assim nunca mais morrer... Apenas permanecer no prazer!
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Tentei arrumar

Arrumo minha gaveta com a ânsia de me arrumar, me ajustar, de tirar tudo o que não presta jogar fora e separar tudo por importância. Mas no final dessa arrumação já estou exausto, sei que deixei passar coisas que deveriam ir no lixo, sei que vou ter que voltar neste gaveta algum dia para terminar o serviço.
terça-feira, 7 de junho de 2016 0 comentários

Desassossego

Deixei que acorrentassem meus pés, que destruíssem minha ideologia, fantasias e alegrias. Jogado num canto escuro do mundo, como quem não tem prumo. Como um bicho preso e maltratado por dias sem nenhuma covardia. Agora tentam arrancar meu sexo com provérbios. Querem tirar meu sangue, sem chance! Querem arrancar meus pelos e cabelos. Em dias de fúria me tacam pedras e cantam serestas. Deformam meu rosto com fogo. Arrancam meus olhos por ódio. Querem comer meu cérebro, esses canibais com vida fodida. Arrancaram de mim, meu coração, tem ele nas mãos, sangrando, pulsando. 

Eu resisto e insisto! Não vou deixar que me adestrem! Sou bicho humano sem sono. Sou do mundo e vou até o fundo. Essa minha carcaça já não sente dor nem fome, a tua fúria me transformou em homem. Fiz de cada gota de sangue derramada a minha escada. Eles me devem até a alma!

segunda-feira, 7 de março de 2016 0 comentários

Teus olhos

Eu vejo em teus olhos a dor de carregar a insegurança nas mãos, como quem carrega uma ferida, que não cicatriza, que dói, que machuca a cada passo dado. Vez ou outra você tenta aliviar esta dor com suspiros mais largos e passos mais leves, na ânsia de abrires as mãos e soltar essa ferida pelo caminho. Meu nego, deixe que teus dedos toquem a minha pele e sinta a carne de quem carrega o peso do mundo com leveza, deixe que a insegurança escorra mansa pelos teus dedos e pouse no chão e que nós possamos dançar um samba brutal sobre tua ferida caída.
quarta-feira, 8 de julho de 2015 0 comentários

Estilhaço

Por vezes sou estilhaços, cacos jogados no chão da sala com gotas de resto de vinho mal bebido de uma noite atormentada pelos devaneios de metade de uma vida vivida de lembranças e desejos que deveriam ter ido, que deveriam ter ficado na esquina daquela rua de lamentos e vômitos. Mas essas lambanças e desejos não foram, continuam aqui dentro de mim, como minha alma, como algo que não desprende e se desprender eu morro, uma morte de mim mesmo, uma morte que eu desejo como desejo ter fome de amor. Então continuo ali, estilhaçado, no chão da sala como cacos de vidro com restos de gotas de vinho mal bebido.
sexta-feira, 3 de julho de 2015 0 comentários

Tempo(2)

Eu sempre ficava ali, sentado por horas e horas... 
Só esperando o tempo passar. 
E ele passou, sentou e conversamos... 
Ele me disse com sorriso de satisfação: Você entendeu! 
Levantou e seguiu viagem. 
Ele sempre foi de poucas palavras.
Mas de palavras suficientes.
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O dono da minha cabeça

E tudo que ouço é o silêncio. Demorei um tempo para perceber que ele havia se calado. E neste tempo que nada percebi, meu corpo e minha alma era dor, era tristeza. Optei por não enxergar e não entender que o silêncio também é resposta. Ele estava ali, o tempo todo, me respondendo com teu calar, falando sem falar. 
terça-feira, 2 de junho de 2015 0 comentários

E o que sobrou de ti foi o ferro fundido

Ainda possuo aquele ferro que você usou para trancar meu coração, para aprisionar meus sentimentos, para sufocar meus gritos de desespero e me acorrentar na tua indômita incapacidade de se tornar feliz. 

Ainda sinto todas as dores causadas, lembro de como era frio o ferro ao tocar minha pele, igual ao frio da morte, igual ao frio da tua indiferença hoje.
quarta-feira, 27 de maio de 2015 0 comentários

Tropeço

É engraçado o que um tombo pode fazer... No começo de uma caminhada, por uma estrada de terra e muitas árvores o que se observa são os sons, o verde, o céu azul cintilante, depois de um tempo já caminhando o que se observa, mudou, mas nem percebi, agora o que passa em minha mente são tipos de soluções para aquele problema que enfrentei de manhã, ou para aquele outro problema que ocorreu semana passada.


O tropeço... Minha primeira reação e entender o que está acontecendo, já entendi:

Distraído com meus problemas já não enxergo a beleza que cada passo pode me proporcionar, os problemas tem que ser resolvidos sim, mas por que não outra hora, já que a tarde de caminhada com os pássaros de fundo está tão agradável? 


Caí... Como na morte, no tropeço é igual, passa um daqueles filminhos na cabeça só que esse é um Curta. Jogado na estrada e toda aquela beleza a minha volta, o canto dos pássaros mais me parece gargalhada da minha tolice de não querer olhar para o que importa, aí eu rio... Eu mar... Eu oceano, e os problemas? Ah deixem eles pra lá!
 
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